1) O que é TDAH?
R.: TDAH é a sigla para Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade e é a síndrome mental mais estudada na infância e adolescência. É um transtorno mental muito comum e há tratamento efetivo. É um transtorno mais comum nos meninos do que nas meninas e acomete entre 3 e 5% das crianças em idade escolar, persistindo em até 40% de adultos que preenchiam os critérios de TDAH na infância.
Os aspectos mais importantes para o diagnóstico são: 1) dificuldade importante em manter a atenção, com mudanças freqüentes de atividades e comprometimento acentuado na realização de tarefas habituais, 2) inquietação física anormal, muito evidente na sala de aula, nas tarefas domiciliares e na hora das refeições, 3) impulsividade, ou seja, não conseguir esperar sua vez ou agir sem pensar. Pode haver problemas de disciplina e mau desempenho escolar. Quando adolescentes e adultos jovens aumenta o risco de envolvimento com uso abusivo de álcool e outras drogas e envolvimento com acidentes. É importante fazer diagnóstico diferencial com alguns transtornos físicos, como epilepsia, síndrome alcoólica fetal, hipertireoidismo, ou outros transtornos psiquiátricos como transtorno do humor bipolar, transtornos ansiosos, autismo, transtornos de conduta, retardo mental.
2) Os professores podem ajudar de alguma forma?
R.: Sim. Podem ajudar e muito. Devem primeiro saber que o comportamento hipercinético não é culpa do paciente e sim causado por um prejuízo da atenção e do autocontrole que, geralmente, é inato. O prognóstico é muito melhor quando os pais e professores conseguem ser calmos e compreensivos. Essas crianças são diferentes da maioria e necessitam ajuda extra para permanecerem calmas e atentas. As atividades de aprendizagem devem ser mais curtas e criativas. Atualmente existe uma gama enorme de publicações em livros , revistas e sites da internet que ajudam tanto professores quanto os familiares a conseguir informações e adquirir conhecimentos que auxiliem na conduta diante uma criança com TDAH
3) E como é o tratamento?
R.: Nos casos mais graves são usados medicamentos estimulantes mentais que melhoram a atenção e reduzem a hiperatividade, sendo o mais conhecido o metilfenidato. Para os casos mais leves, não é necessária a medicação. Para todos, valem algumas recomendações: 1) os pais e professores devem elogiar e reconhecer quando a criança é capaz de prestar atenção (“reforço positivo”), 2) evitar punição; quando necessário, o controle disciplinar deve acontecer imediatamente (dentro de segundos) para ser efetivo e a criança deve saber exatamente porque está sendo corrigida, 3) pais, professores e psicopedagogos devem manter diálogo permanente, 4) enfatizar a necessidade de minimizar distrações, por exemplo, fazendo a criança sentar-se na primeira fila, 5) incentivar a prática de esportes ou outras atividades físicas, 6)incentivar a prática de atividades culturais: música, artes plásticas, teatro, etc.
Entrevista por Lucas Tonelli com o psiquiatra Dr Fernando Avelar Tonelli, publicada no Jornal Tribuna Popular (Cacoal – RO) em 02/10/2009.