Somos sujeito do tempo. Estamos sujeitos ao tempo. O tempo rege o que temos, somos, nos tornamos.
O que ansiamos, o que nos marcou, todos os eventos mentais estão na marca do tempo. Quando meus pensamentos estão muito presos ao passado, rumino, repenso, revivencio.
Se algo me prendeu, me traumatizou, posso de alguma forma, ficar presa, retida na emoção que aquele evento ou aquela pessoa me causou e, desse modo, minha vida segue o curso do tempo, os anos passam, mas, aquela vivência, não. Como uma árvore que recebe um golpe em seu tronco, parte de mim, ou um galho meu, pode ter dificuldade em florecer, então, se algo me prender, é preciso me soltar, desse evento, dessa pessoa. E a chave que abre essa gaiola é o perdão. Perdão pelo que me aconteceu, porque coisas ruins acontecem a pessoas boas, acontecem a qualquer um e por isso também pode acontecer comigo. Perdão pelo que alguém me fez, por essa pessoa não ter sido para mim o que eu esperava dela, perdão por ela ser humana e passível de falha, assim como eu, porque também eu causo o desagrado a alguém em algum momento.
De outro modo, se vivo pensando em num futuro próximo ou distante, como querendo divinhar o que sucederá, num eterno “e se…”, perco a paz, vivo em agitação constante, porque não consigo prever tudo, saber tudo, controlar tudo. No pano de fundo de tudo que temo, pode estar o temor da morte, da finitude, da separação. Não saber lidar com isso, pode se tornar um tormento para a mente.
Se minha mente fica presa ao passado, experimento, tristeza, nostalgia, raiva, culpa, Se por outro lado, minha mente fica constantemente vagando naquilo que ainda vai acontecer ou que temo acontecer, experimento, medo, ansiedade, apreensão, agitação.
Em ambos os modos, sofro. A mente humana experimenta equilíbrio, paz, tranquilidade, prazer, apenas no presente. Não só porque é a única coisa que temos, mas porque o presente é a experiência real e imaginária juntas. É o ponto em que a minha mente pode reelaborar os fatos, reagir e se ajustar.
A Sociedade moderna, tecnológica e midiática não tem nos permitido tempo de qualidade para nossas elaborações de tudo que nos acontece. Por isso, estamos experimentando com muita frequência o sentimento de angústia, de não dar conta, de correr atrás do tempo.
Seria de extrema importância que as pessoas pensassem sobre isso e tentassem, por exemplo, se propor a fazer apenas aquilo que é possível ser realizado em um dia, pra evitar ficar com a sensação de derrota para o tempo; que inserissem na rotina momentos de parada, de não fazer absolutamente nada; e, ainda, encontrassem um tempinho para fazer atividade física, para regular a liberação de adrenalina e cortisol (hormônios do estresse); que enquanto têm de esperar por alguém ou sempre que possível, praticassem um exercício simples de meditação, para aliviar a mente do excesso de pensamentos.
Recomendo a todos que buscam bem-estar que se fixem no aqui e agora. Que meditem para tranquilizar a mente e o corpo. Que se dêem quinze minutinhos por dia para respirar tranquilamente.
Segue abaixo um exercício simples de meditação que qualquer pessoa pode fazer e se beneficiar, esperando que isso lhe traga a paz, o maior dos luxos.
Exercício de meditação contemplativo da praia
Permita-se ficar, por 15 minutos, sentado ou deitado, em posição confortável, com os olhos fechados.
Inicialmente, apenas observe a sua respiração, como o ar entra e sai, o fresquinho nas narinas quando o oxigênio entra, e o calorzinho do gás carbônico quando sai. Imagine que o ar entra azul, puro e limpo. E sai cinza, retirando de dentro de você tudo aquilo que você não precisa mais. Comece o exercício imaginando que está sentado diante de uma linda praia, deserta e calma. Observe todos os detalhes, sentindo em seu próprio corpo: o sol morninho tocando a sua pele; o azul do mar encontrando o azul do céu na linha do horizonte; pedras, árvores ou alguma vegetação que existir nessa praia; a brisa suave que traz o cheiro de mar até você; o tipo de areia, se é mais fininha e seca ou mais grossa e molhada; o som das ondas e talvez o canto de pássaros.
Você, diante da praia, olhando para ela, deve inspirar o ar quando as ondas se espalham na areia e expirar o ar quando as ondas voltam para o mar.
E, assim, você cadencia sua respiração com as ondas como se você regesse a maré, quando puxa o ar, puxa as ondas pra perto de você e quando solta o ar, empurra as ondas para mais londe.
Fique assim, respirando, relaxando e mantendo qualquer outro pensamento fora de sua mente. Quando algo vier à sua mente, simplesmente diga: “depois eu penso nisso”
Paz e bem!
Marleidi Mocelin
Psicóloga